Morning Call – resumo da semana
Disparada do dólar
Na última semana, o dólar alcançou um valor impressionante de R$ 6,30, gerando grande preocupação no mercado financeiro e entre os formuladores de políticas públicas. Este salto marcou a necessidade de maior intervenção diária no câmbio da história brasileira. O Banco Central vendeu quase US$ 28 bilhões em operações para conter a volatilidade e o entusiasmo dos mercados. Essa intervenção incluiu leilões à vista, consideradas mais práticas para controlar a alta da moeda do que operações de linha. Embora a ação tenha resultado em uma queda temporária do dólar, que chegou para R$ 6,02, o mercado está nervoso, com a moeda ainda fechando acima de R$ 6. A saída atípica de capital do país e remessas de lucros de multinacionais foram apontadas como fatores adicionais para a pressão cambial. O episódio ressaltou os desafios enfrentados pelo Brasil em um ambiente global incerto e de política fiscal questionável.
Impactos no mercado financeiro

O mercado financeiro brasileiro viveu uma semana de turbulências, resultando no pior desempenho da Bolsa de Valores em dois anos. A Bolsa registrou uma queda acumulada de cerca de 2,5%, refletindo uma crescente desconfiança dos investidores. Esse pessimismo foi impulsionado por declarações do governo que indicavam a ausência de medidas concretas de ajuste fiscal até o fim do mandato. Além disso, o pacote fiscal apresentado foi considerado tímido e desidratado, o que não foi suficiente para tranquilizar o mercado. A expectativa de interferências políticas no Banco Central também contribuiu para o clima de instabilidade. Mesmo com esforços para apaziguar os ânimos, como declarações de autonomia do futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, a recuperação foi modesta. O cenário reforça o impacto direto de incertezas econômicas e políticas sobre os índices financeiros, prejudicando a atratividade do Brasil para investidores nacionais e internacionais.
Intervenção do tesouro nacional
Diante da escalada dos juros futuros e do nervosismo no mercado financeiro, o Tesouro Nacional realizou leilões extraordinários com o objetivo de estabilizar a situação. Esses leilões buscaram conter a pressão sobre os juros dos títulos públicos, uma vez que a desconfiança quanto à sustentabilidade fiscal do governo gerou uma elevação abrupta das taxas. A volatilidade foi intensificada por declarações governamentais consideradas inconvenientes e por um pacote fiscal que não trouxe o rompimento esperado pelos investidores. Embora a medida tenha ajudado a reduzir a tensão, foi insuficiente para reverter completamente o mau humor do mercado. A alta dos juros futuros também impactou as qualidades da atratividade dos títulos públicos, forçando o Tesouro a condições oferecer mais vantagens para atrair compradores. Esse episódio destacou a complexidade do cenário fiscal brasileiro e a necessidade de políticas mais robustas para recuperar a confiança do mercado.
Narrativa de ataque especulativo

No auge da instabilidade econômica, uma narrativa polêmica emergente: a de que o mercado financeiro estaria promovendo um ataque especulativo contra as políticas do governo. A acusação sugere que as respostas negativas dos investidores foram descoladas dos fundamentos econômicos, com o objetivo de enfraquecer a gestão federal. Essa perspectiva, no entanto, foi amplamente contestada por especialistas e pelo próprio futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, que afirmou ser incorreto tratar os investidores como um bloco coordenado. Ele ressaltou que o mercado reagiu às expectativas e que os recentes desdobramentos foram consequência de sinais contraditórios emitidos pelo governo, como a ausência de medidas fiscais concretas e propostas polêmicas, incluindo a isenção de Imposto de Renda para rendas até R$ 5 mil. Essa narrativa expõe a complexidade das interações entre governo e mercado, além de fortalecer a importância de políticas claras e bem comunicadas.
Fake news sobre Galípolo
O futuro presidente do Banco Central do Brasil, Gabriel Galípolo, tornou-se alvo de notícias falsas em meio à turbulência nos mercados. Um suposto print com declarações transferidas a ele circulou nas redes sociais, alegando que Galípolo teria defendido a criação de uma moeda dos BRICS para minimizar a influência do dólar sobre o mercado brasileiro. A publicação também afirmou que ele havia criticado o dólar como “moeda estadunidense”. Essas afirmações falsas geraram incertezas e foram rapidamente desmentidas. A Advocacia Geral da União (AGU) acionou a Polícia Federal e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para investigar a origem das informações. Especialistas enfatizaram a importância de verificar fontes antes de divulgar conteúdos sensacionalistas. A repercussão destacada como notícias falsas pode afetar as variações das instituições e criar instabilidade no mercado, especialmente em um momento de alta sensibilidade econômica.
Efeito da intervenção no câmbio

A intervenção do Banco Central foi decisiva para conter a escalada do dólar, que atingiu um pico histórico de R$ 6,30. Apenas na quinta-feira, a autoridade investiu cerca de US$ 8 bilhões no mercado, utilizando uma estratégia de leilões de dólares à vista. Essa abordagem se mostrou mais eficaz do que leilões de linha para reduzir a cotação da moeda americana, provocando uma queda significativa de quase 3% em um único dia, trazendo o dólar para R$ 6,02. Apesar disso, a moeda encerrou uma semana ainda acima dos R$ 6, evidenciando que a pressão cambial persiste em um contexto de instabilidade econômica. Fatores como saída de capital, remessas de lucros de multinacionais e incertezas fiscais internacionais desenvolvidos para essa dinâmica. A intervenção também ajudou a arrefecer a alta dos juros futuros, que chegou a sinalizar a SELIC em 17,5% para 2025.
Decisões de juros globais
Na última semana, os bancos centrais ao redor do mundo tomaram decisões importantes sobre suas políticas monetárias, gerando impacto nos mercados globais. O Federal Reserve, nos Estados Unidos, surpreendeu ao indicar que os cortes nas taxas de juros em 2025 serão menores do que o previsto, redução a expectativa de quatro cortes para apenas dois. Essa postura mais conservadora do Fed reflete a preocupação em conter a inflação, mesmo que isso signifique uma desaceleração econômica prolongada. Juros mais altos nos EUA tornam os investimentos em títulos americanos mais atraentes, retirando capital de mercados emergentes, como o Brasil. A decisão também enfraqueceu ativos de maior risco, como ações e moedas de países em desenvolvimento, fortalecendo o preço no cenário global. Outros países, como Inglaterra, Japão e Suécia, também ajustaram as suas taxas, reforçando a importância da cooperação económica para lidar com a pressão inflacionária global.
Crise das Apostas Esportivas

A crescente popularidade das apostas esportivas no Brasil tem gerado preocupações, com 40% dos brasileiros relatando terem sido contraídos ou conhecidos devido a alguém individualizado devido às apostas online. Esse aspecto é reflexo do aumento do acesso às plataformas digitais e da falta de regulamentação robusta para controlar o setor. Muitos apostadores relatam gastos mensais que variam de R$ 30 a R$ 500, enquanto um quarto dos jogadores admite apostar diariamente. A situação tem impactado diretamente nas famílias, piorando a qualidade de vida e criando um ciclo de endividamento. Uma pesquisa recente revelou que 60% dos entrevistados apoiam a regulamentação do setor, buscando maior controle governamental sobre as plataformas. Especialistas enfatizam que apostas esportivas devem ser vistas como entretenimento, e não como investimento, para evitar prejuízos financeiros. O crescimento do setor demanda ações urgentes para evitar maiores danos à população brasileira.
Medidas Econômicas na Argentina
O presidente da Argentina, Javier Milei, implementou uma série de medidas econômicas radicais para estabilizar o país. Entre as iniciativas mais notáveis está a eliminação de impostos, marcando a primeira vez na história recente que tal medida foi aplicada. Além disso, Milei fez cortes drásticos nos gastos públicos e impediu o número de ministérios, o que resultou em um raro superávit fiscal nos primeiros 11 meses de 2024. Essas políticas ajudaram a conter a inflação, que despencou de 25% ao mês para 2, 4%. A economia começou a mostrar sinais de recuperação, e a pobreza, que estava em 55% no início de seu mandato, caiu para 39%. As reformas de Milei, embora controversas, estabilizaram a economia argentina em curto prazo e reforçaram sua intenção de alinhar o país a um modelo de mercado livre, com apoio de parceiros internacionais como os Estados Unidos.
Crescimento Econômico Argentino

A economia argentina mostrou sinais de recuperação em 2024, registrando um crescimento do PIB de 3,9% no terceiro trimestre. Este desempenho reflete o impacto positivo das reformas inovadoras do presidente Javier Milei, que incluíram cortes de gastos, redução de ministérios e eliminação de impostos. Tais medidas foram fundamentais para estabilizar a inflação e melhorar a confiança dos mercados. A pobreza, que afetou 55% da população no início de seu governo, caiu para 39%, enquanto o desemprego recuou para 6,9%. O governo argentino também conseguiu reduzir a percepção de risco econômico, abrindo caminho para um possível retorno ao mercado financeiro internacional em 2026. Esse avanço coloca a Argentina em uma posição favorável para atrair investimentos estrangeiros e consolidar sua recuperação econômica, embora desafios significativos ainda persistam, incluindo a necessidade de manter o equilíbrio fiscal a longo prazo.
Reservas de Bitcoin
Em um movimento surpreendente, Donald Trump anunciou planos para criar uma reserva federal de Bitcoin, despertando a atenção global. O ativo digital alcançou um novo recorde de US$ 108 mil, impulsionado pelas reivindicações do presidente eleito dos Estados Unidos, que destacou sua intenção de integrar a criptomoeda como uma parte oficial da economia americana. No entanto, a euforia foi interrompida brevemente após intervenções do Fundo Monetário Internacional (FMI), que pressionou países como El Salvador a reduzir suas alocações em Bitcoin em troca de acordos financeiros. Além disso, a forte liquidação de ETFs ligados ao ativo digital desencadeou uma queda acentuada, com o Bitcoin recuando para cerca de US$ 93 mil. Este episódio ressaltou a volatilidade inerente às criptomoedas, mesmo em meio às propostas de institucionalização. A iniciativa de Trump sinalizando um possível marco na adoção de ativos digitais por grandes economias, mas também levanta questões sobre regulamentação e estabilidade.
Expectativas para a Próxima Semana

A próxima semana promete ser decisiva para o mercado financeiro, com a divulgação de dados econômicos relevantes no Brasil e nos Estados Unidos. No cenário doméstico, serão apresentados indicadores de inflação e emprego, que poderão fornecer pistas sobre os próximos passos da política monetária do Banco Central. Em meio a um ambiente de alta volatilidade, os investidores estarão atentos a sinais de desaceleração inflacionária e recuperação do mercado de trabalho. Já nos Estados Unidos, os dados do setor imobiliário trarão insights sobre a saúde de um dos mercados mais sensíveis à política de juros do Federal Reserve. Essas divulgações são particularmente importantes num momento em que o Fed ajusta as suas expectativas para 2025, com cortes de juros mais modestos do que o previsto. Ambos os contextos terão impacto direto na percepção de risco dos investidores, podendo influenciar decisões de alocação de capital entre mercados emergentes e desenvolvidos.
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