Diário das Commodities Seu Futuro Rico de 23 de dezembro

Queda nos futuros da soja
Os futuros da soja encerraram a segunda-feira em queda na Bolsa de Chicago, com o contrato de março recuando 4 centavos por bushel. Este movimento reflete um cenário de pressão no mercado, influenciado tanto pelo fortalecimento do dólar quanto por fatores relacionados à oferta global. O clima na América do Sul, em especial as projeções relacionadas ao fenômeno La Niña, também adiciona incertezas para os próximos meses. Apesar de o Brasil estar projetando uma safra recorde de soja, com expectativa superior a 170 milhões de toneladas, os preços mais baixos no mercado de exportação têm dificultado uma recuperação significativa no curto prazo. A demanda da China, concentrada na soja brasileira devido a preços competitivos, também reduz as expectativas de melhoria para o programa americano de exportações. Dessa forma, o mercado segue pressionado, refletindo o equilíbrio frágil entre oferta e demanda global.
Valorização do milho e alta do trigo

Na Bolsa de Chicago, enquanto a soja enfrentou quedas, os futuros do milho e do trigo registraram movimentos positivos. O milho teve uma valorização de 2 centavos por bushel, refletindo um leve otimismo associado à competitividade das exportações argentinas e russas. Já o trigo subiu 7 centavos por bushel, impulsionado por fatores climáticos e logísticos que afetam grandes exportadores, como a Rússia. Apesar da forte presença russa no mercado global, problemas relacionados ao inverno rigoroso e à baixa umidade do solo têm prejudicado a produtividade e a capacidade de exportação do país. Esse cenário, somado à expectativa de redução nas estimativas de safra para 2025, traz alguma sustentação aos preços do trigo no mercado internacional. A movimentação positiva do trigo também reflete parcialmente no milho, mostrando que, mesmo em um ambiente de adversidade climática e dólar fortalecido, há sinais de resiliência nesses mercados agrícolas.
Fortalecimento do dólar
O dólar apresentou uma forte valorização no mercado internacional nesta segunda-feira, subindo 2% e sendo negociado próximo a R$ 6,20 no Brasil. Esse movimento impactou diretamente os ativos agrícolas na Bolsa de Chicago, pressionando as cotações de soja e milho. Um dólar mais forte tende a encarecer os produtos americanos no mercado global, tornando-os menos competitivos frente a exportadores como Brasil e Argentina. Além disso, o fortalecimento da moeda reflete uma busca maior por ativos seguros diante das incertezas econômicas globais. Para o Brasil, a alta do dólar cria um efeito duplo: enquanto beneficia as exportações agrícolas ao elevar a rentabilidade em reais, também encarece os insumos agrícolas, que têm boa parte de seus componentes dolarizados. Esse cenário mantém os mercados agrícolas em alerta, especialmente em relação à capacidade dos Estados Unidos de manterem seus volumes de exportação frente à competição acirrada no mercado global.
Clima e o fenômeno La Niña

A iminente chegada do fenômeno La Niña voltou a gerar preocupações no mercado agrícola, principalmente em relação às lavouras de milho e soja na América do Sul. A previsão para os próximos 15 dias indica um clima mais seco, especialmente na Argentina e no sul do Brasil, regiões cruciais para a produção dessas culturas. A escassez de chuvas pode comprometer o desenvolvimento das plantas em fases críticas, como o enchimento de grãos, reduzindo o potencial produtivo. Além disso, a combinação de altas temperaturas e baixa umidade intensifica o estresse hídrico nas lavouras. Este cenário climático adverso já está no radar dos traders, que monitoram o impacto nas projeções de safra e nos preços futuros. Enquanto o Brasil mantém uma perspectiva de safra recorde, o clima instável traz incertezas significativas, podendo elevar a volatilidade no mercado e influenciar diretamente a dinâmica da oferta global de grãos.
Exportações de soja para a China
A China, maior importadora mundial de soja, tem direcionado grande parte de suas compras para o Brasil, atraída pelos preços competitivos oferecidos no mercado internacional. Essa estratégia é resultado de uma combinação de fatores, incluindo a valorização do dólar e a elevada produção esperada no Brasil, com estimativas que superam 170 milhões de toneladas para a safra atual. Os preços agressivos da soja brasileira tornam a commodity mais acessível para os compradores chineses, que priorizam a relação custo-benefício. Por outro lado, essa concentração de demanda reduz a competitividade dos Estados Unidos, que enfrentam desafios adicionais com o fortalecimento do dólar e estoques elevados. Caso essa tendência persista, o programa americano de exportação para 2025/26 poderá sofrer impactos negativos, resultando em menores volumes exportados e pressão sobre os preços internos. Assim, a dinâmica atual reforça a importância da competitividade entre os principais players do mercado agrícola global.
Alta do farelo de soja

Os futuros do farelo de soja registraram uma alta expressiva na última sexta-feira, impulsionados por incertezas climáticas na América do Sul. As previsões de um clima seco devido à possível chegada do fenômeno La Niña reacenderam as preocupações com a produtividade das lavouras, especialmente na Argentina e no sul do Brasil. O farelo de soja é um dos principais subprodutos da oleaginosa, utilizado amplamente na alimentação animal, e qualquer risco de redução na oferta global eleva os preços futuros. Além disso, a perspectiva de um aumento na demanda global, liderada pela China, contribui para a valorização do produto. Esse movimento no mercado reflete o impacto direto das condições climáticas na dinâmica de oferta e demanda, mostrando que a volatilidade nas cotações do farelo de soja pode se intensificar à medida que novas previsões climáticas forem confirmadas ou ajustadas nos próximos meses.
Trigo russo e argentino mais competitivos
O trigo russo e argentino têm se destacado pela competitividade no mercado internacional, oferecendo preços mais atrativos em comparação com os Estados Unidos. No entanto, a capacidade de manutenção dessa competitividade está sob risco, especialmente para a Rússia, que enfrenta desafios logísticos durante o inverno. A execução de exportações marítimas é prejudicada pelas condições climáticas severas, que limitam o volume de navios disponíveis. Além disso, a deterioração das lavouras russas, causada por baixa umidade no solo e cobertura insuficiente de neve, contribui para uma menor oferta futura. Esse cenário cria incertezas para o mercado global de trigo, podendo levar a ajustes nos preços à medida que a oferta russa diminui. Embora a Argentina mantenha uma posição sólida, a redução de um dos principais exportadores mundiais pode beneficiar outros players, como os Estados Unidos, caso consigam superar o impacto do dólar forte em suas exportações.
Redução da safra russa de trigo

A Rússia, um dos maiores produtores e exportadores de trigo do mundo, revisou para baixo suas estimativas de produção para 2025, reduzindo as projeções de 81 para 78,7 milhões de toneladas. Essa redução é atribuída a condições climáticas adversas, incluindo baixa umidade do solo e cobertura insuficiente de neve, que comprometem o desenvolvimento das lavouras. O volume projetado está significativamente abaixo do recorde de 93 milhões de toneladas alcançado em 2023, marcando uma queda de quase 15 milhões de toneladas em apenas dois anos. Essa situação já está sendo monitorada pelo mercado global, uma vez que a menor oferta russa pode impactar os preços internacionais do trigo, favorecendo outros exportadores. Para a Rússia, a redução na safra representa um desafio não apenas para o equilíbrio de mercado, mas também para sua competitividade como principal fornecedor em regiões-chave, como Oriente Médio e África.
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