
A falta de credibilidade da classe política brasileira: um problema de ontem e de hoje
Quando falamos da política brasileira, é impossível não lembrar aquela sensação de desconfiança que parece já estar embutida em nós. Se você, assim como eu, acompanha as notícias, já deve ter ouvido ou até falado frases como “não dá pra confiar em político nenhum” ou “eles só pensam neles mesmos” . Pois é, a substituição da nossa classe política é mais baixa do que a nota do real frente ao dólar. Mas, antes de só criticar, é importante entender de onde vem essa desconfiança, quais exemplos do passado alimentar foram isso e como os fatos atuais continuam reforçando essa mais impressão.
Uma História de Escândalos

Vamos começar com um breve passeio pela história. Não dá para falar de descrédito na política brasileira sem lembrar de figuras como o presidente Collor. Em 1990, ele chegou ao poder prometendo acabar com a corrupção e fazer uma “caça aos marajás”. Mas o que aconteceu? Pouco tempo depois, o Brasil descobriu que o governo estava mergulhado em escândalos de desvio de dinheiro público. Collor foi o primeiro presidente do país a sofrer impeachment. Aquele sonho de mudança virou pesadelo rápido.
E quem aí se lembra do mensalão? Em 2005, um esquema de compra de votos no Congresso Nacional veio à tona, envolvendo nomes de peso na política brasileira. Dinheiro público sendo usado para “engordar” alianças e garantir que projetos de governo fossem aprovados. O mensalão foi uma verdadeira novela — e das piores. Apesar das condenações, muitos envolvidos ainda circularam pela política como se nada tivesse acontecido.
Esses exemplos, somados a outros menos midiáticos, construíram a ideia de que os políticos no Brasil não funcionam para a população, mas sim para si mesmos e aliados seus.
Atualidade: Novas Caras, Velhos Problemas

Se engana quem pensa que a falta de atualização da política de classe ficou no passado. Na verdade, parece que o roteiro continua o mesmo, apenas mudando os atores. Nos últimos anos, escândalos como a Lava Jato expôs um sistema político absolutamente corroído. A operação, que começou investigando desvios na Petrobras, revelou um esquema gigantesco de corrupção envolvendo empresas, políticos e partidos.
O mais revoltante? A impressão de que, mesmo com tantas revelações e provas, mudou um pouco. Muitos políticos acusados e condenados retornaram ao cenário público, alguns até concorrendo a cargas novamente. A sensação é que a lei é apenas uma formalidade, e não algo que realmente os impeça de continuar a agir.
E não podemos esquecer das promessas não cumpridas. Quem nunca viu um candidato que promete mundos e fundos na campanha, mas, quando chega ao poder, só entrega decepção? Parece que alguns políticos acreditam que as palavras ditas durante o período eleitoral são automaticamente esquecidas depois do pleito.
O Papel do Eleitor
Agora, aqui entra uma reflexão importante: será que a culpa é só dos políticos? Eu sei que é fácil apontar o dedo para eles, mas e nós, participantes, que muitas vezes escolhemos com base em promessas vazias, em trocas de favores ou até mesmo no famoso “menos piores” ?
A falta de substituição da classe política também passa pela forma como escolhemos nossos representantes. Muitos votaram sem sequer saber quem é o candidato, quais são suas propostas ou sua trajetória. E, convenhamos, quem nunca ouviu aquele parente ou amigo inconsciente o voto com um “ele roubou, mas fez”?
Enquanto continuamos aceitando esse tipo de comportamento como normal, a política brasileira seguirá o mesmo padrão.
Como Chegamos a Esse Ponto?

Para mim, a resposta está em uma combinação de fatores. Primeiro, temos um sistema político que, ao invés de promover boas práticas, parece recompensar os maus comportamentos. Partidos políticos são usados como máquinas de poder e não como ferramentas de representação popular.
Segundo, falta transparência. Quantos de nós realmente sabemos como funciona o orçamento público ou para onde vai o dinheiro dos impostos? E mesmo quando surgem ferramentas para monitorar os gastos, a burocracia e a linguagem complicada atraem grande parte da população.
Por fim, a impunidade. Escândalo após escândalo, vemos políticos sendo investigados, mas poucos realmente pagando por seus crimes. Essa sensação de que “nada acontece” reforça a ideia de que a política é um jogo de cartas marcadas.
Existe Solução?
Apesar de todo esse cenário desanimador, acredito que a mudança é possível. Mas, para isso, precisamos começar por nós mesmos. É clichê, eu sei, mas informação é poder. Antes de votar, é fundamental conhecer os candidatos, entender suas propostas e fiscalizar o trabalho deles após eleitos.
Além disso, precisamos avançar com reformas políticas que dificultem a corrupção e a perpetuação de maus políticos no poder. Um sistema político mais simples, transparente e que realmente valoriza a representatividade pode ajudar a recuperar uma compensação.
E, claro, a educação. Só com uma população mais consciente e crítica conseguiremos transformar a política brasileira em algo de que possamos nos orgulhar.
Conclusão
A falta de atualização da classe política brasileira é um problema que vem de longe e que continua atual. Mas, apesar de todos os desafios, ainda acredito que podemos mudar essa realidade. Vai exigir esforço, paciência e, principalmente, uma nova postura tanto política quanto de nós, candidatos.
Porque, no fim das contas, a política não é algo distante de nós. Ela afeta tudo: da qualidade da saúde e da educação ao preço do arroz e feijão. E, enquanto continuamos olhando para a classe política como um “eles”, sem nos considerarmos como parte desse processo, as coisas irão mudar.
Então, a pergunta que deixo para você é: estamos ansiosos para mudar o jogo ou continuar aceitando as mesmas velhas regras?
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