Diário das Commodities Seu Futuro Rico  de 17 de dezembro

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Desaceleração das vendas na China :

As vendas no varejo na China apresentaram crescimento de 4,8% em outubro e apenas 3% em novembro , ficando abaixo das projeções do mercado, que esperavam um avanço de 5%. Esse resultado sinaliza uma desaceleração preocupante no consumo interno, um dos principais motores da economia chinesa. A queda no ritmo das vendas pode refletir tanto um enfraquecimento da confiança do consumidor quanto um cenário de incertezas econômicas globais, que afetam diretamente o comportamento dos consumidores. A expectativa de uma retomada no consumo no trimestre último do ano não se concretizou de forma completa, o que acendeu um sinal de alerta para os mercados globais. Como a China é um importante player econômico, qualquer queda no consumo impacta as cadeias de suprimentos e a demanda por commodities. Os analistas acreditam que esse enfraquecimento pode persistir, exigindo políticas internas de estímulo para restaurar o crescimento no setor varejista.

Acredita-se que o feriado de outubro tenha antecipado parte do consumo de final de ano :
O feriado de outubro na China, conhecido como a “Semana Dourada” , é tradicionalmente um período de grande movimento econômico e aumento no consumo. Este ano, no entanto, acredita-se que o feriado tenha antecipado uma parcela significativa do consumo que, de outra forma, ocorreria no final do ano. Durante a Semana Dourada, milhões de consumidores chineses aproveitaram os descontos e promoções, esvaziando as expectativas de uma demanda robusta nos meses seguintes. Esse comportamento gerou um efeito de “cansaço de consumo”, deixando o varejo com dificuldade para manter o mesmo ritmo em novembro e dezembro. Como resultado, muitas empresas que esperavam um incremento nas vendas no fim do ano precisarão lidar com uma demanda menor e estoques acumulados. Especialistas apontam que essa antecipação pode ser um sinal de que o consumidor chinês está mais cauteloso em seus gastos devido ao cenário econômico incerto.

Setor de consumo impactado :

As ações de empresas ligadas ao setor de consumo foram diretamente afetadas pela expectativa de desempenho fraco em dezembro. Os investidores reagiram aos níveis de perspectiva de uma demanda menor no varejo, derrubando os preços das ações de grandes companhias, especialmente no mercado asiático. A desaceleração das vendas em novembro, aliada à antecipação do consumo em outubro, gerou um cenário de preocupação entre os analistas. Essa queda nas ações reflete não apenas o enfraquecimento atual do setor, mas também uma possível tendência de retração prolongada. Empresas que dependem de uma forte demanda de final de ano para alcançar suas metas agora enfrentam desafios adicionais, como a necessidade de ajustar suas estratégias de marketing e lidar com margens estreitas. Além disso, o cenário global de incerto, marcado por inflação e altas taxas de juros, também contribui para essa queda de confiança no setor, instruções ainda mais os negócios direcionados ao consumo.

Os futuros do suíno também caíram, refletindo preocupações com o consumo :
Os contratos futuros do suíno registraram quedas significativas, refletindo as preocupações do mercado quanto ao enfraquecimento da demanda . O setor, que é altamente sensível ao comportamento do consumidor, está enfrentando uma combinação de fatores desfavoráveis: a desaceleração nas vendas de alimentos, a alta nos custos de produção e uma projeção de consumo abaixo das expectativas para o início do próximo ano. Esse cenário gerou uma onda de vendas nos mercados futuros, derrubando os preços e diminuindo a falta de confiança dos investidores na recuperação rápida do setor. A expectativa de um consumo fraco em dezembro também pesou sobre os futuros, principalmente devido à antecipação das compras durante o feriado de outubro. Produtores e setores de alimentos, que dependem de uma demanda estável, agora terão de lidar com margens pressionadas e estoques que podem crescer, agravando ainda mais a situação econômica do setor de carnes.

Preço do suíno em queda :

No mercado físico, o preço do suíno permanece acima dos 16 yuans/kg , mas os futuros caíram para 13 yuans/kg , rompendo o patamar de custo de produção pela primeira vez em mais de 8 meses. Esse movimento de queda nos contratos futuros acendeu um alerta para os produtores, que agora enfrentam margens negativas, já que o custo de criação é negociado supera o valor no mercado. A situação reflete a combinação de uma demanda mais fraca, excesso de oferta e custos de insumos elevados, criando um ambiente econômico insustentável para muitos produtores. A queda abaixo do custo de produção tende a impactar o setor de forma rigorosa, levando alguns produtores a reduzir suas exportações. Essa pressão negativa também reforça as dificuldades no início do próximo ano, com o mercado já antecipando desafios para o setor de ração e a venda de farelo. A necessidade de políticas de suporte ou incentivos pode se tornar urgente para evitar um colapso na cadeia de produção.

Exige briga por ração e farelo: O mercado prevê um começo de ano ruim para o consumo de rações

O mercado de rações enfrentadas negativas para o início do próximo ano, com uma demanda abaixo do esperado, especialmente em setores peculiares como o de suínos e aves. A redução no consumo está associada ao enfraquecimento da economia global e à queda no poder de compra, o que pressionou tanto os produtores quanto a cadeia de fornecimento. Com preços mais baixos para produtos finais, como carne suína e frango, os criadores enfrentam dificuldades em manter margens positivas e estão reduzidos na compra de insumos, incluindo rações. Essa retração gera um impacto em cascata na indústria de farelo de soja, milho e demais componentes utilizados na formulação de alimentos para animais. Além disso, o custo de produção continua elevado, o que pode estimular novos investimentos no setor. A falta de um cenário otimista para o consumo interno e de exportação faz com que o mercado comece o ano sob pressão, refletindo as dificuldades de recuperação.

Até a semana passada, a venda de farelo totalizou 42 milhões de toneladas, abaixo dos 43,7 milhões no mesmo período do ano passado

A venda de farelo registrou um desempenho mais fraco em comparação ao mesmo período do ano anterior, somando 42 milhões de toneladas até a semana passada, contra 43,7 milhões de toneladas em 2023. A queda reflete a desaceleração no consumo de ração, especialmente em regiões onde a produção pecuária está encolhendo devido ao excesso de oferta e preços baixos. Durante o meio do ano, entre os meses de julho e agosto, a diferença chegou de 5 a 6 milhões de toneladas , evidenciando um mercado que já mostrava sinais de retração desde o segundo semestre. Além da menor demanda interna, fatores externos como a competitividade no mercado global de farelo também influenciaram a redução das vendas. O cenário tem como base os filmes processadores, que enfrentam um desafio logístico e econômico para manter a produção estável. A expectativa para os próximos meses continua cautelosa, com a necessidade de estratégias externas para exportação ou estímulo ao mercado doméstico.

Soja: safra grande no Brasil — As projeções indicam uma safra de 170 a 173 milhões de toneladas, quase 20 milhões a mais que na temporada anterior

As projeções para a safra de soja no Brasil em 2024 indicam um volume entre 170 e 173 milhões de toneladas , um crescimento expressivo em relação à safra anterior, que foi de aproximadamente 153 milhões de toneladas . Esse aumento é impulsionado por fatores como a expansão da área plantada e as condições climáticas em grande parte das regiões produtoras. A expectativa de uma safra tão robusta consolida o Brasil como o maior produtor global de soja, superando outros países como os Estados Unidos e a Argentina. Contudo, essa expansão traz desafios para a cadeia produtiva e logística. Com quase 20 milhões de toneladas adicionais, haverá uma pressão ainda maior para o escoamento dessa produção, tanto no mercado interno quanto externo. Além disso, a competitividade global pode se intensificar, com países produtores buscando garantir fatias do mercado asiático, principal destino das exportações brasileiras de soja.

Isso pode pressionar os preços e o frete ao longo do ano

A produção recorde de soja no Brasil, estimada em até 173 milhões de toneladas , deverá gerar um impacto significativo nos preços e no setor de transporte ao longo de 2024. O aumento da oferta tende a pressionar as cotações internacionais, principalmente se a demanda global não acompanhar o ritmo de crescimento da produção. A combinação de estoques elevados e margens competitivas forçará produtores e exportadores a buscar soluções logísticas eficientes. No Brasil, o setor de fretes será um dos mais impactados, já que a infraestrutura atual, composta por rodovias, ferrovias e portos, pode enfrentar gargalos devido ao volume adicional. Além disso, o crescimento da safra exigiu um programa de exportação robusto, competindo diretamente com a Argentina e os Estados Unidos no mercado asiático. A falta de terminais novos para escoamento preocupante, pois pode elevar os custos logísticos, resultando em margens ainda mais pressionadas para os produtores brasileiros.

Desafios para exportação: Não há terminais novos para exportação de farelo, o que exige um programa maior de exportação ou aumento no processamento interno

A infraestrutura logística brasileira enfrenta desafios importantes como o aumento da safra de soja e a consequente produção de farelo. Atualmente, não há terminais novos dedicados especificamente à exportação de farelo, o que limita a capacidade de escoamento dessa commodity para os mercados internacionais. Esse gargalo logístico exige um programa robusto de exportação , com a ampliação do uso dos portos existentes e o aumento da eficiência operacional. Alternativamente, o Brasil precisará estimular o processamento interno , produzindo mais produtos derivados, como óleo e biodiesel, para agregar valor à cadeia e reduzir a dependência das exportações de farelo bruto. Contudo, a competição acirrada e os custos logísticos internos complicam essa solução. A ausência de investimentos em infraestrutura pode impedir que o país aproveite plenamente o potencial de sua safra recorde, resultando em perdas financeiras e em margens mais competitivas para produtores e investidores ao longo do ano.

O Brasil terá que competir com Argentina e EUA no mercado asiático

O aumento da produção brasileira de soja e o preço da soja criam uma disputa acirrada com os Estados Unidos e a Argentina pelo mercado asiático, especialmente pela demanda da China , principal importadora global. A Argentina, que possui uma infraestrutura consolidada para processamento e exportação de farelo, oferece preços competitivos e uma logística mais eficiente. Por outro lado, os Estados Unidos contam com uma cadeia de exportações extremamente organizada e costumam garantir participação significativa no mercado internacional por meio de contratos resultantes. O Brasil, apesar de ser o maior produtor global, ainda enfrenta desafios logísticos, como o escoamento por rodovias e portos saturados, o que impacta os custos e a agilidade na entrega. Para competir, o Brasil precisará oferecer preços atrativos , eficiência no escoamento e buscar acordos comerciais mais vantajosos. Sem essas estratégias, corre o risco de perder espaço para os rivais em um mercado onde a margem de lucro é cada vez mais apertada .

Agricultor vendendo no Brasil e Argentina: No Brasil, os prêmios da soja subiram, mas a venda dos produtores foi mais lenta do que na Argentina

No Brasil, os prêmios da soja subiram recentemente, refletindo a forte demanda internacional e o câmbio concedido para exportação. No entanto, as vendas por parte dos produtores têm ocorrido em um ritmo mais lento quando comparado à Argentina. Essa lentidão pode ser atribuída à expectativa de preços melhores no futuro, uma vez que muitos agricultores brasileiros optam por manter seus estoques em busca de margens maiores. Outro fator é a capacidade financeira dos produtores brasileiros, que, com maior capital de giro, não precisa vender de imediato para cobrir custos operacionais. Em contraste, os agricultores argentinos, pressionados por um cenário econômico mais instável, como desvalorização cambial e políticas de retenção de exportações, têm aceleradas as vendas. Essa diferença no comportamento entre os dois países ressalta como fatores econômicos internos influenciam diretamente as estratégias de comercialização e o fluxo da safra para os mercados globais.

Na última semana, 610 mil toneladas foram vendidas no Brasil (0,6% da safra), enquanto na Argentina foram 770 mil toneladas (1,6%):

Na última semana, os produtores brasileiros venderam 610 mil toneladas de soja, o que representa 0,6% da safra nacional . Já na Argentina, o volume foi maior, atingindo 770 mil toneladas , ou 1,6% da safra argentina . Esse ritmo mais acelerado na Argentina reflete a pressão econômica enfrentada pelos agricultores locais, que são buscados rapidamente para enfrentar a desvalorização do peso e a alta inflação. Por outro lado, no Brasil, os produtores optaram por segurar parte da produção, apostando em preços melhores no futuro, especialmente com a expectativa de maior demanda da China. O volume relativamente baixo vendido no Brasil também pode estar relacionado a gargalos logísticos e ao aumento nos custos de frete, o que dificultam o escoamento. Essa diferença no ritmo de vendas mostra como o cenário macroeconômico impacta diretamente a tomada de decisões dos produtores, influenciando a velocidade da comercialização das safras nos dois países.

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