Diário das Commodities Seu Futuro Rico  de 18 de dezembro

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Queda nos preços de grãos

Os preços de grãos registraram quedas significativas, refletindo um cenário de pressão no mercado internacional. A soja caiu 10 centavos por bushel, atingindo seu menor nível desde 29 de agosto, enquanto o milho e o trigo recuaram 3 e 6 centavos por bushel, respectivamente. O desempenho da soja tem sido impactado pela desvalorização do óleo de soja, uma das principais commodities derivadas, que sofre influência direta da queda no petróleo. Além disso, a perspectiva de uma safra robusta na América do Sul adiciona mais pressão, aumentando a competitividade da soja brasileira no mercado global. O cenário indica uma oferta abundante que eleva os estoques e reduz os preços, especialmente em Chicago, um dos principais termômetros do setor agrícola. Apesar de alguns fatores limitarem maiores desvalorizações, como a demanda consistente por milho americano, o mercado segue atento às movimentações futuras, principalmente na logística e exportações.

Pressão sobre o óleo de soja

O mercado de óleo de soja enfrentou queda acentuada em seus preços, refletindo diretamente a desvalorização do petróleo. A expectativa de uma oferta global maior no próximo ano, combinada com uma revisão para baixo nas projeções de demanda, aumentou a pressão sobre os mercados de energia, afetando commodities correlacionadas, como o óleo de soja. O movimento também foi amplificado por incertezas sobre o futuro dos programas de biocombustíveis nos Estados Unidos, que criaram receios sobre a demanda interna. Além disso, a situação econômica da China adiciona outro fator de vulnerabilidade. Com dificuldades de crescimento e demanda mais fraca, o consumo global de petróleo e seus derivados segue limitado, ampliando os reflexos no óleo de soja. Este panorama global desfavorável, aliado a expectativas de uma grande safra sul-americana, reforça as tendências baixistas, destacando o impacto interligado entre os mercados agrícolas e energéticos.

Produção recorde na América do Sul

A América do Sul caminha para uma safra recorde de soja na temporada 2024/2025, impulsionada principalmente pela expectativa de alta produção no Brasil. As projeções atuais indicam que o país pode superar a marca de 170 milhões de toneladas, com estimativas mais otimistas sugerindo uma safra próxima de 180 milhões. Essa produção robusta reflete condições climáticas favoráveis em grande parte das regiões produtoras e a expansão da área plantada. O Brasil se consolida cada vez mais como líder no mercado global de soja, competindo diretamente com os Estados Unidos pela preferência de importadores como a China. O volume esperado desafia as capacidades logísticas do país, especialmente nos principais corredores de exportação, como a BR-163 e os portos do Arco Norte. O mercado interno também sente os impactos, com aumento na oferta e pressões sobre os preços e prêmios de exportação, criando desafios e oportunidades para o setor.

Impacto do mercado chinês

A economia chinesa, atualmente enfrentando desafios de crescimento, tem gerado reflexos significativos no mercado global de commodities, incluindo o óleo de soja. A desaceleração econômica reduziu a demanda por petróleo, um dos principais motores da economia chinesa, afetando diretamente o mercado energético global e seus derivados. O menor consumo de petróleo pressionou os preços para baixo, ampliando os impactos sobre o óleo de soja, que está fortemente correlacionado com os biocombustíveis. Adicionalmente, a cobertura avançada de compras chinesas para os primeiros meses de 2024 reduziu o apetite do país por novas aquisições no curto prazo, o que trouxe mais pressão ao mercado. O cenário reforça o papel central da China no equilíbrio global das commodities agrícolas e energéticas, com seu desempenho econômico influenciando diretamente os preços e as estratégias de exportação de países como o Brasil e os Estados Unidos.

Mercado americano de milho em alta

A demanda por milho dos Estados Unidos continua sólida, com exportações 32% superiores ao mesmo período do ano passado. Esse desempenho é sustentado por fatores globais, como a ausência do Brasil no mercado internacional de exportação de milho devido ao foco do país na soja, além da quebra de safra na Ucrânia, um dos principais exportadores de grãos. A guerra em curso na região ucraniana comprometeu a produção e a logística, redirecionando a demanda para os produtores americanos. Outro fator relevante é o programa de exportação dos EUA para a safra 2024/2025, que mantém embarques acelerados e reforça a competitividade do milho americano. Este cenário, aliado ao corte nos estoques finais dos Estados Unidos anunciado recentemente, contribui para limitar as quedas nos preços em Chicago. O Brasil, no entanto, tende a recuperar espaço no mercado global em 2024, com preços competitivos e maior oferta no ciclo seguinte.

Pressão nos prêmios de exportação

A oferta abundante de soja no Brasil, associada a perspectivas de uma safra recorde, tem gerado forte pressão sobre os prêmios de exportação, especialmente em Mato Grosso, o maior estado produtor. Recentemente, os preços de compra recuaram para R$ 106 por saca, ante R$ 113 reportados na semana anterior, refletindo a competitividade dos valores praticados no mercado interno. Este movimento é intensificado por fatores como a cobertura avançada da China para compras entre fevereiro e abril e a queda dos prêmios no mercado internacional. No trecho da BR-163, por exemplo, os prêmios passaram rapidamente de menos 130 centavos para menos 210 centavos por bushel, demonstrando a rapidez com que os preços internos reagem à pressão do mercado externo. Esse contexto evidencia o impacto de uma safra robusta e demanda mais concentrada, o que desafia as margens dos produtores e exportadores locais.

Logística comprometida

A logística para exportação de soja brasileira no início de 2024 já enfrenta desafios significativos, principalmente em Mato Grosso. Com uma safra recorde estimada entre 170 e 180 milhões de toneladas, a infraestrutura para escoamento, especialmente em fevereiro, está comprometida. A alta cobertura chinesa para compras na janela de fevereiro a abril contribui para intensificar a pressão, aumentando a demanda por transporte e armazenamento em um curto intervalo de tempo. Corredores estratégicos, como a BR-163, enfrentam gargalos operacionais, dificultando o fluxo contínuo para os portos do Arco Norte e outros destinos de exportação. Esse cenário é agravado pela colheita acelerada e a ampla concentração de oferta, exigindo um programa de exportação robusto para evitar acumulação de estoques. O ambiente atual reforça a necessidade de investimentos em infraestrutura e planejamento logístico para dar conta do aumento expressivo da produção agrícola no país.

Mudanças no mercado interno

O mercado interno brasileiro de grãos em 2024 apresenta mudanças importantes, refletindo uma colheita acelerada e amplamente distribuída pelo país. Essa dinâmica reduziu a pressão por fretes e alterou a demanda logística, diminuindo custos e, ao mesmo tempo, gerando quedas nos preços internos. Além disso, muitas indústrias têm evitado assumir grandes compromissos logísticos, priorizando aquisições locais em armazéns ou de produtores próximos, para reduzir riscos operacionais e custos com transporte. Essa preferência impacta os prêmios pagos, refletindo um mercado mais pressionado pela oferta abundante. A rápida colheita e a ampla disponibilidade de soja contribuíram para diminuir a necessidade de fretes de longa distância, diferentemente do cenário de 2023, quando a distribuição da colheita foi mais lenta. Esses fatores estão alinhados ao cenário global de superoferta e reforçam a importância de estratégias eficientes de logística e comercialização para o mercado brasileiro.

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