Diário das Commodities: Seu Futuro Rico de 30 de janeiro

capas

Diário das Commodities: Seu Futuro Rico de 30 de janeiro

Queda dos prêmios no Golfo dos EUA

Tenho visto uma queda significativa nos benefícios do farelo de soja no Golfo dos EUA. Em novembro, os prêmios ficaram 30 pontos acima de Chicago, mas agora, para embarques em fevereiro, estão 8 pontos abaixo. Isso demonstra uma redução na competitividade do produto americano, tornando-o menos atrativo para exportação. O cenário preocupante, pois indica que o mercado está com dificuldades para encontrar compradores. Esse enfraquecimento nos prêmios reflete o excesso de oferta e a menor demanda global, instruções ainda mais os preços. A tendência de queda pode continuar se não houver mudanças na dinâmica da oferta e demanda.

Redução do preço do farelo americano

O preço do farelo americano também está em queda. Antes, ele estava cotado a US$ 315 por tonelada curta, mas agora já caiu para US$ 295. Essa desvalorização impacta diretamente os produtores e exportadores, perdendo as margens de lucro e dificultando a comercialização. A queda reflete a pressão exercida pelo aumento da produção e a dificuldade dos Estados Unidos em escolher esse volume. Se a demanda não reagir, os preços podem continuar caindo, agravando a situação. O mercado ainda não encontrou uma solução clara para lidar com essa oferta elevada, o que torna o futuro incerto.

Queda no Board Crush na Bolsa de Chicago

As margens do Board Crush na Bolsa de Chicago também estão se deteriorando. Recentemente, vi o índice caindo de US$ 1,55 por bushel para US$ 1,15, um sinal claro de que o processamento da soja nos EUA está cada vez menos rentável. Essa redução nas margens pode forçar algumas indústrias a diminuir a produção, pois o esmagamento se torna menos vantajoso financeiramente. Com um mercado saturado de petróleo e farelo, e sem uma demanda forte o suficiente para absorver esse volume, a tendência de queda nos preços pode continuar, prejudicando ainda mais o setor de processamento.

Excesso de produção nos EUA

O mercado de farelo de soja nos EUA está enfrentando um grande desafio: o excesso de produção. O país continua aumentando sua capacidade de esmagamento, mas ainda não encontrou destino para todo o petróleo e farelo produzido. Essa sobreoferta cria um cenário de pressão sobre preços e margens, tornando o mercado ainda mais difícil para os produtores e exportadores. Se não houver uma solução para essa questão, como um aumento da demanda interna ou maior volume de exportações, a tendência é que as indústrias tenham que reduzir a produção, agravando ainda mais a situação do setor.

Aumento do processamento no Brasil

No Brasil, o cenário é um pouco diferente. O processamento de soja deve aumentar entre 2,5 e 3 milhões de toneladas, impulsionado por um real fraco e pela soja barata em dólar. Isso torna o farelo brasileiro mais competitivo no mercado internacional, favorecendo as exportações. No entanto, esse crescimento na oferta pode gerar desafios, como a necessidade de encontrar novos mercados e manter margens rentáveis. Se o Brasil conseguir aproveitar essa oportunidade, poderá consolidar ainda mais sua posição como grande fornecedor global de farelo de soja. Mas, para isso, será fundamental uma boa estratégia de comercialização.

Desafios do Brasil no mercado europeu

Apesar da vantagem competitiva do Brasil, há desafios a serem superados no mercado europeu. O regulamento da União Europeia (EUDR), que entrará em vigor em janeiro de 2026, exige que a produção seja livre de desmatamento, o que pode dificultar a exportação do farelo brasileiro para a Europa. As indústrias brasileiras precisam se preparar desde já para atender a essas critérios. Se não houver adaptação, o Brasil poderá perder espaço para outros fornecedores. Essa regulamentação impõe um novo obstáculo ao setor, tornando essencial uma resposta rápida e eficaz para garantir a permanência no mercado europeu.

Aumento da oferta da Argentina

A Argentina também está se tornando um fator baixista para o mercado. Com a recente redução das retenções (impostos sobre exportações), o país deve disponibilizar entre 4 e 4,5 milhões de toneladas a mais de farelo. Esse aumento na oferta pode intensificar a concorrência e pressionar ainda mais os preços globais. Grande parte desse volume virá do esmagamento local, ampliando a disponibilidade do produto no mercado internacional. Se a demanda não acompanhar esse crescimento da oferta, o mercado global pode entrar em um período de baixa prolongado, dificultando ainda mais a comercialização do farelo de soja.

Dificuldades na comercialização argentina

Mesmo com o aumento da oferta, os exportadores argentinos enfrentam desafios para vender seu farelo. O Banco Central do país ainda não define todos os detalhes sobre a política cambial, o que gera incerteza no setor. Enquanto isso, os produtores locais mantêm suas restrições de preços elevados, dificultando a comercialização. Essa situação está limitando a oferta de tarifa na exportação, pelo menos temporariamente. No entanto, assim que as questões cambiais forem resolvidas, é provável que um grande volume de farelo argentino entre no mercado, aumentando ainda mais a concorrência com o produto brasileiro e americano.

Possível redução do esmagamento nos EUA

Nos EUA, as margens de aperto podem levar alguns setores para reduzir o esmagamento da soja. Algumas unidades já consideram entrar em manutenção antes do período habitual, o que pode impactar a oferta de farelo. Se isso acontecer, pode ser um fator baixista para a soja, pois menos grãos serão processados, mas pode dar algum suporte aos preços do farelo devido à redução da oferta. Essa possibilidade mostra o quanto o mercado é volátil e como cada decisão das indústrias pode influenciar a dinâmica dos preços e das exportações nos próximos meses.

Programa de exportação brasileiro mantido

Apesar das incertezas do mercado global, o Brasil deve manter um volume de exportações de farelo entre 37 e 38 milhões de toneladas. Isso é semelhante ao volume exportado no ano passado, demonstrando a resiliência do setor. No entanto, há expectativas de mudanças no destino das exportações. Com a possível redução da oferta nos EUA, o Brasil pode acabar exportando mais para lá, compensando a queda nas vendas para a Europa. Essa realocação de mercado será fundamental para garantir que o setor continue competitivo e aproveitar as oportunidades que surgirem no cenário global.

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *