Diário das Commodities: Seu Futuro Rico de 17 de fevereiro

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Valorização do Rublo e do Euro


O rublo tem se destacado com uma valorização de 21% neste ano, posicionando-se como uma das moedas mais fortes no cenário atual. Paralelamente, o Euro registrou alta de 2,2% em relação às mínimas do ano. Esse fortalecimento monetário deve, em parte, à expectativa do fim do conflito, que possa normalizar o comércio e reduzir os custos energéticos na Europa, beneficiando o rubro de cada região. Esse cenário impacta diretamente os mercados de commodities, pois uma moeda mais valorizada influencia os preços e a competitividade dos produtos, alterando os custos de exportação e a dinâmica do comércio internacional.

Impacto do Fim da Guerra no Mercado de Energia


A perspectiva de um possível fim da guerra traz expectativas positivas para o mercado global de energia. Com a normalização das relações, o gás natural tende a ficar mais barato para a Europa, aliviando a pressão sobre os custos de produção e transporte. Essa redução de custos energéticos pode desencadear uma retomada da normalidade nas relações comerciais da Rússia, influenciando a confiança dos investidores e a estabilidade do rublo. Além disso, a redução dos preços do gás pode favorecer a competitividade das commodities, especialmente o trigo, ao reduzir custos de produção e logística, e assim, estimular uma reavaliação dos mercados globais.

Cenário Positivo para Exportação de Trigo


Sem cenário otimista, a retirada das sanções impostas aos navios russos facilitará a exportação de trigo. Com a remoção desses obstáculos, as barreiras logísticas diminuem, reduzindo os riscos e os custos associados ao transporte marítimo. Essa abertura pode contribuir significativamente para vendas internacionais de trigo, beneficiando produtores e exportadores russos. A normalização do comércio aliado à retomada da atividade econômica na Rússia reforça a confiança do mercado, criando uma atmosfera favorável para negociações e acordos comerciais. Assim, o setor agrícola pode se revitalizar, aproveitando a nova conjuntura para aumentar sua participação no mercado global.

Cenário Negativo: Valorização do Rublo e Condições Adversas para o Trigo


Por outro lado, o cenário negativo aponta que a valorização do rublo, apesar de ser um sinal de estabilidade, pode prejudicar os produtores locais de trigo. Uma moeda forte eleva os custos de produção e torna os produtos russos menos competitivos no exterior. Além disso, as condições climáticas desfavoráveis, como baixa disponibilidade de água e pouca neve, comprometem o desenvolvimento do trigo. Com a manutenção de um clima seco a partir de abril, os riscos se agravaram, aumentando a incerteza sobre a safra. Esse cenário cria um ambiente de desafios para o agricultor, que precisa lidar tanto com fatores monetários quanto climáticos adversos.

Influência do Trigo no Mercado de Milho e Soja


O aumento dos preços do trigo tem um efeito cascata no mercado, influenciando diretamente os valores do milho e, consequentemente, da soja. Com o trigo em alta, o milho ganha suporte, visto que ambos os grãos estão interligados na cadeia produtiva e de consumo. Esse movimento é especialmente relevante no mês de definição do “bucho”, que é crucial para calcular a receita mínima dos produtores americanos. Portanto, as oscilações no preço do trigo decisões estratégicas de planejamento, estimulando uma reavaliação do mix de culturas. A inter-relação entre esses grãos evidencia a sensibilidade do setor agrícola a fatores externos e internos.

Mudanças nas Decisões de Plantio nos Estados Unidos


As condições atuais levam os agricultores norte-americanos a reconsiderar suas escolhas de cultivo. Com os preços do trigo em alta e o impacto sobre o milho, muitos produtores estão avaliando a rentabilidade do milho plantado em vez da soja. No ano anterior, houve um aumento na área destinada à soja, com uma expansão de 1,5 milhão de hectares, enquanto a área de milho sofreu uma redução equivalente. Essa mudança reflete a busca por maiores margens de lucro e menor risco de mercado, visto que o milho tem ganhado espaço como cultura mais vantajosa. Assim, as decisões de plantio são fortemente influenciadas por variações de preço e demanda.

Cotação do Milho no Mercado Coreano


No mercado internacional, especificamente na Coreia, o milho tem sido cotado com preços que dividem o custo de trigo feed, frete incluso, fixando-se em cerca de 268 dólares por tonelada. Essa cotação é resultado de análises previstas que englobam custos logísticos e a oferta global do produto. Apesar disso, uma licitação foi recusada, e uma compradora coreana adquiriu 132.000 toneladas a 260 dólares por tonelada, demonstrando a sensibilidade do mercado a pequenas variações de preço. Esses movimentos ilustram como os preços internacionais são negociados e como a demanda coreana influencia a dinâmica do comércio de grãos, especialmente considerando as alternativas de origem disponíveis.

Origem das Remessas de Milho e Concorrência Internacional


A procedência do milho para o mercado coreano tem sido apontada como oriunda dos portos do Pacífico dos Estados Unidos. Com a ausência de ofertas significativas do Brasil e preços mais elevados da Argentina, os compradores coreanos consideram na América uma alternativa competitiva. Essa dinâmica evidencia a importância dos portos americanos na logística internacional, que facilitam a exportação de grãos com preços mais atrativos. A concorrência entre países produtores torna o ambiente de negociação mais acirrado, influenciando a definição dos preços e a disponibilidade do produto. Assim, a escolha dos fornecedores é moldada por fatores de custo, confiabilidade e capacidade logística.

Preferência Coreana pelo Trigo Feed e Limite para o Milho


No contexto do comércio asiático, a Coreia tem preferência pelo trigo feed quando a diferença de preço em relação ao milho está entre 5 e 10 dólares. Essa diferença de valor funciona como um teto para o aumento dos preços do milho, limitando seu potencial de alta. Essa preferência se baseia na avaliação de qualidade, custo-benefício e condições logísticas do trigo feed, que se mostram mais vantajosas para o mercado coreano. Dessa forma, os compradores ajustam suas estratégias de aquisição, equilibrando a oferta global com as particularidades dos produtos disponíveis. O comportamento do mercado coreano acaba, portanto, influenciando diretamente a precificação e a demanda dos grãos.

Oferta Global e Fluxos Comerciais de Grãos


A oferta global de trigo feed, embora não seja muito robusta este ano, tende a diminuir ainda mais devido aos entraves com a Rússia, impactando diretamente o preço do milho. Na França, por exemplo, a ração cevada está sendo ofertada FOB a 238 dólares por tonelada, com destino à Ásia, onde pode chegar a valores superiores a 270 dólares. Esse cenário torna inviável o fluxo normal de comércio, concentrando as operações entre Argentina, Brasil, Estados Unidos e Ucrânia, que movimentam diariamente cerca de 42 a 43 milhões de toneladas. Essas informações, fornecidas pelo analista Eduardo Vanin, reforçam a complexidade e a interconexão dos mercados globais de grãos.

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