
Sim, eu como dólar e para sua surpresa, você também!
Olha, meu amigo, vamos ser sinceros: o dólar está mais descontrolado que a criança na loja de brinquedos, e o real, coitado, está sentado no canto, chorando e perguntando onde foi que errou. Não tem jeito, o dólar sobe e desce como se estivesse numa montanha-russa desgovernada, e nós, meros brasileiros, somos o público que paga o ingresso e ainda aplaude a tragédia. Aí aparece aquela alma iluminada dizendo: “Ah, mas o dólar não interfere na minha vida. Eu nem como dólar!” Ah, tá bom! Você não vem dólar, mas me diga: o pãozinho francês do café da manhã vem de onde? As mãos mágicas do padeiro? E o combustível no posto? É o vento que move o carro?
Vou explicar de forma bem simples, porque, sinceramente, acho que tem gente vivendo em outro planeta. Quando o dólar sobe, tudo que é importado — e, spoiler, quase tudo no Brasil tem alguma coisa importada — fica mais caro. O trigo para o pão, o fertilizante para o trabalho, o combustível para o transporte. Até o celular que você tá segurando agora, lendo isso, tem um pezinho na gringa. Ou seja, sim, meu querido, você vem dólar! E o pior: ele custa caro, e nem tem gosto de caviar.
A montanha-russa cambial

Primeiro, deixe-me lembrar como funciona essa bagunça. O dólar é aquele primo rico que todo mundo quer. Todo mundo corre atrás dele porque é a moeda mais usada no comércio global. Aqui no Brasil, ele decide o preço de quase tudo, do iPhone ao cafezinho. Quando o dólar sobe, é como se o primo rico tivesse ganhado na loteria e começado a cobrar caro para aparecer nas festas. A gente fica refém.
Agora, por que o dólar sobe tanto no Brasil? Bom, uma combinação explosiva: instabilidade política, desconfiança no governo, juros altos nos EUA (o que faz o dinheiro correr para lá) e, claro, aquela pitada de “jeitinho brasileiro” em políticas econômicas desastrosas. Cada tweet ou declaração de um político, cada mudança repentina de regra, e lá vai o dólar dar uma pirueta para cima. É emocionante, só que não.
“Mas eu não viajo para o exterior, então tanto faz!”
Ah, essa é clássica! Não falta quem diga isso com aquele ar de superioridade. “Eu nem viajo, que diferença faz o dólar?” Deixa eu te contar, meu amigo, não é só quem vai para Miami comprar tênis que sofre com o dólar alto. A gente importa muito mais do que iPhones e tênis da Nike. O trigo do pão, a soja do óleo, o milho que vira ração para o frango… Tudo isso tem dedo do dólar. E se tá caro para o agricultor plantador e para o transportador transportador, adivinha quem paga a conta no final? Nós, os consumidores.
E o combustível, hein? Que história bonita. Mesmo com uma produção de petróleo específica, o Brasil precifica os combustíveis com base no mercado internacional. E qual é a moeda do mercado internacional? Acertou: o dólar! Então, enquanto o dólar faz piruetas, você paga mais caro na gasolina. E quando a gasolina sobe, o frete sobe. E quando o frete sobe, o preço do tomate no supermercado também sobe. Resumo da ópera: até o tomate que você vem no almoço tá com gosto de dólar.
Efeito dominó: o dólar e o seu bolso

Não pense que o estrago para por aí. Quando o dólar sobe, as empresas que não importam de países também sofrem. Muitas vezes, elas repassam esse custo para o consumidor. E não adianta fugir para o setor de serviços, porque mesmo quem corta cabelo ou faz uma sensação de impacto. Afinal, esses profissionais também precisam comer, se locomover e comprar produtos, todos eles afetados pelo dólar. É o famoso efeito cascata, ou melhor, tsunami.
E tem outra coisa que ninguém lembra: a inflação. O dólar contribui muito para a inflação, porque encarece produtos e serviços. Quando a inflação sobe, o poder de compra do real diminui. Ou seja, você trabalha a mesma coisa, mas consegue comprar menos. Não é mágico?
Soluções ou paliativos?
Agora, você deve estar se perguntando: “Mas e aí, o que dá para fazer?” Bom, o governo pode tentar segurar o dólar com instruções, mas isso custa caro e nem sempre funciona. Também pode ajustar os juros, mas aí entra outro problema: juros altos desestimulam o consumo e o investimento. É um jogo de equilíbrio complicado.
O ideal seria uma economia mais estável, com menos dependência externa e maior confiança dos investidores. Mas, convenhamos, isso é tipo esperar que o Vasco ganhe a Libertadores: não é impossível, mas altamente improvável no curto prazo.
Moral da história
Então, da próxima vez que alguém vier com esse papo de que “ eu não como dólar”, faça um favor e explique para essa pessoa que o dólar tá no pão, na gasolina, no celular e até na conta de luz. A gente vive em um mundo globalizado, e ignorar isso é como fechar os olhos para a realidade e torcer para que ela suma. Só que ela não vai. E nós, enquanto isso, seguimos aqui, comendo dólar todos os dias, sem nem poder reclamar que ele tá salgado demais.
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